Mais de duas mil pessoas ganham a vida em 460 bancas e 204 boxes |
Quem passa pelo Mercado Municipal de Campos pode perceber a movimentação diária de pessoas que utilizam o espaço para o próprio sustento. Mas quem adentra neste patrimônio histórico, existente há 90 anos, se deixa contagiar por curiosidades e boas histórias. O local revela em si a identidade cultural da região, por meio dos produtos da culinária, artesanato, ou artigos religiosos, que se adaptaram ao mercado ao longo desses anos.
Segundo o diretor do Mercado Municipal Sidiney Pereira Garcez cerca de 5 mil pessoas circulam diariamente, entre fregueses, visitantes e funcionários, pelas 460 bancas e 204 boxes internos e externos da feira.
Cerca de 2.200 pessoas trabalham nos diversos setores que comercializam alguns produtos difíceis de serem encontrados em supermercados, como animais para abate, produtos artesanais, artigos de umbanda, cela, couro, chapéu, ervas medicinais e sementes variadas, além das cerca de 70 toneladas mensais de peixe fresco que chegam nas primeiras horas da madrugada e que são comercializados de segunda a segunda.
É difícil pensar no que não se pode encontrar no mercado. Com tamanha demanda e variedade de produtos, o feirante precisa encontrar artifícios para “vender o seu peixe” e conquistar a freguesia. Para o vendedor de hortaliças Carlos Alberto Mendes, de 47 anos, conhecido como “Bijuca”, o diferencial está nos laços de amizade formados com os colegas e clientes fies, que acompanharam as gerações de família que por ali passou.
“Com dez anos de idade, isso há 37 anos, vinha acompanhar os negócios do meu pai. Ele passou o ponto para mim e até hoje carrego o seu apelido “Bijuca”. Minha vida é isso aqui, todo dia chego às 5h e só saio às 18h. Hoje é o meu filho, de 22 anos, quem me acompanha. Já casado, ele também tira daqui o sustento de sua família. Além de uma boa comunicação, a percepção é fundamental para saber o estilo do freguês e então conquistá-lo. Essa manha só com o tempo para adquirir. Uns gostam de serem abordados e cabe a nós persuadi-los, mas há quem não goste e prefere se distanciar.” Contou o feirante.
Já a estratégia utilizada pelo vendedor de biscoitos Francisco César Rodrigues Pereira, de 54 anos, é expor da forma mais visível os biscoitos que mais saem, como de fubá com coco, polvilho e de goiabada, oferecendo ao cliente para degustar.
A outra tarefa difícil é ir ao mercado sem provar o famoso Pastel da Dona Odete, uma tradição de mais de 45 anos e que movimenta diariamente mais de R$ 600 só em pastel, sem contar com as outras delícias vendidas no local, como o igualmente tradicional caldo de cana.
E por falar em tradição, na mercearia “Pioneiro”, dos irmãos Jacildo Ribeiro Siqueira, de 72 anos e José Ribeiro de 68 anos, que atualmente preparam o sobrinho Carlos Magno, de 42 anos, para assumir os negócio, o freguês encontra produtos típicos da culinária campista, como o tradicional chuvisco e o seu derivado fio de ovos. Tem também cachaça, canjica branca, além do melado ouro velho e o melado fios de ouro, este proveniente do município de Quissamã.
“Quem vem de fora tem o mercado municipal como ponto certo para comprar lembranças e presentear familiares e amigos. Temos também farinhas, ervilhas, lentilhas, grão de bico, trigo de quibe e feijões variados. Sem contar os produtos diferenciados para doceiras, como nozes, amêndoas e passas, o que nos leva a conquistar clientes fies como a doceira Dona Magda, nossa cliente desde 1970. Toda semana fazemos entregas em seu estabelecimento.” Contou Jacildo.
Entre tradições e produtos diferenciados, a casa de vendas de produtos para cultos de religiões afro-brasileiras “Carlinhos da Flora”, é o ponto exato para adeptos e curiosos. São vendidos variedades de incenso, velas, livros, defumadores, imagens, guias e acessórios, amuletos da sorte como figa, além das simpatias para todos os âmbitos da vida, como a campeã de vendas, a simpatia de amarração sentimental.
O ponto existe há 78 anos, quando o Nicomendes Soares de Souza, “Deco”, fundou a primeira flora no mercado municipal, hoje mantido por seu neto, Carlos Bruno, de 27 anos, que toca o comércio de produtos religiosos, e sua filha Solange Maria, de 51 anos, que ao lado comercializa ervas e produtos medicinais.
“O mercado é um patrimônio histórico que atende todo o interior do estado e que vem de fora. Por isso, quem está aqui não se vê em outro ponto. Lembro que meu pai pegava mercadoria nas barcas que vinham pela Beira-Valão, canal Campos-Macaé e desembocava no Rio Paraíba do Sul.” Disse Solange.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
De acordo com informações do Instituto Historiar, a Cidade de Campos dos Goytacazes contava com o antigo Mercado da Praça do Roccio, na Rua Formosa, em frente da Estação de Ferro Campos-São Sebastião, que já não comportava mais espaço para um bom atendimento ao público. Nessa perspectiva em 1917, o Prefeito Dr. Luiz Caetano Guimarães Sobral viu a necessidade da construção de um Mercado Novo na Praça Azeredo Coutinho, que só ficou pronto em 15 de setembro de 1921.
A escolha do local deveu-se pela facilidade de chegar e escoar os produtos do Mercado através do Canal Campos-Macaé, no qual deslizavam várias embarcações com pesadas cargas de cereais. O mercado honrou as tradições progressistas da cidade.
“O mercado é um símbolo de importância, que demonstrava na época toda a força política e cultural de Campos no Norte do Estado, não é a toa que existia o sonho do município ser a capital do Rio de Janeiro, que até então era Niterói. Foi uma visão futurista, pois a arquitetura de ponta, com modelo francês, foi feita numa época em que não existia a demanda que encontramos hoje. Cerca de 70% da população vivia nas áreas rurais e era difícil o deslocamento para o mercado. Desta forma, o produtor plantava em sua propriedade. Hoje colhemos frutos dessa visão empreendedora”, finalizou o diretor Sidiney Pereira.
Virna alencar - Estagiária
Site: Ururau
Segundo o diretor do Mercado Municipal Sidiney Pereira Garcez cerca de 5 mil pessoas circulam diariamente, entre fregueses, visitantes e funcionários, pelas 460 bancas e 204 boxes internos e externos da feira.
Cerca de 2.200 pessoas trabalham nos diversos setores que comercializam alguns produtos difíceis de serem encontrados em supermercados, como animais para abate, produtos artesanais, artigos de umbanda, cela, couro, chapéu, ervas medicinais e sementes variadas, além das cerca de 70 toneladas mensais de peixe fresco que chegam nas primeiras horas da madrugada e que são comercializados de segunda a segunda.
É difícil pensar no que não se pode encontrar no mercado. Com tamanha demanda e variedade de produtos, o feirante precisa encontrar artifícios para “vender o seu peixe” e conquistar a freguesia. Para o vendedor de hortaliças Carlos Alberto Mendes, de 47 anos, conhecido como “Bijuca”, o diferencial está nos laços de amizade formados com os colegas e clientes fies, que acompanharam as gerações de família que por ali passou.
“Com dez anos de idade, isso há 37 anos, vinha acompanhar os negócios do meu pai. Ele passou o ponto para mim e até hoje carrego o seu apelido “Bijuca”. Minha vida é isso aqui, todo dia chego às 5h e só saio às 18h. Hoje é o meu filho, de 22 anos, quem me acompanha. Já casado, ele também tira daqui o sustento de sua família. Além de uma boa comunicação, a percepção é fundamental para saber o estilo do freguês e então conquistá-lo. Essa manha só com o tempo para adquirir. Uns gostam de serem abordados e cabe a nós persuadi-los, mas há quem não goste e prefere se distanciar.” Contou o feirante.
Já a estratégia utilizada pelo vendedor de biscoitos Francisco César Rodrigues Pereira, de 54 anos, é expor da forma mais visível os biscoitos que mais saem, como de fubá com coco, polvilho e de goiabada, oferecendo ao cliente para degustar.
A outra tarefa difícil é ir ao mercado sem provar o famoso Pastel da Dona Odete, uma tradição de mais de 45 anos e que movimenta diariamente mais de R$ 600 só em pastel, sem contar com as outras delícias vendidas no local, como o igualmente tradicional caldo de cana.
E por falar em tradição, na mercearia “Pioneiro”, dos irmãos Jacildo Ribeiro Siqueira, de 72 anos e José Ribeiro de 68 anos, que atualmente preparam o sobrinho Carlos Magno, de 42 anos, para assumir os negócio, o freguês encontra produtos típicos da culinária campista, como o tradicional chuvisco e o seu derivado fio de ovos. Tem também cachaça, canjica branca, além do melado ouro velho e o melado fios de ouro, este proveniente do município de Quissamã.
“Quem vem de fora tem o mercado municipal como ponto certo para comprar lembranças e presentear familiares e amigos. Temos também farinhas, ervilhas, lentilhas, grão de bico, trigo de quibe e feijões variados. Sem contar os produtos diferenciados para doceiras, como nozes, amêndoas e passas, o que nos leva a conquistar clientes fies como a doceira Dona Magda, nossa cliente desde 1970. Toda semana fazemos entregas em seu estabelecimento.” Contou Jacildo.
Entre tradições e produtos diferenciados, a casa de vendas de produtos para cultos de religiões afro-brasileiras “Carlinhos da Flora”, é o ponto exato para adeptos e curiosos. São vendidos variedades de incenso, velas, livros, defumadores, imagens, guias e acessórios, amuletos da sorte como figa, além das simpatias para todos os âmbitos da vida, como a campeã de vendas, a simpatia de amarração sentimental.
O ponto existe há 78 anos, quando o Nicomendes Soares de Souza, “Deco”, fundou a primeira flora no mercado municipal, hoje mantido por seu neto, Carlos Bruno, de 27 anos, que toca o comércio de produtos religiosos, e sua filha Solange Maria, de 51 anos, que ao lado comercializa ervas e produtos medicinais.
“O mercado é um patrimônio histórico que atende todo o interior do estado e que vem de fora. Por isso, quem está aqui não se vê em outro ponto. Lembro que meu pai pegava mercadoria nas barcas que vinham pela Beira-Valão, canal Campos-Macaé e desembocava no Rio Paraíba do Sul.” Disse Solange.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
De acordo com informações do Instituto Historiar, a Cidade de Campos dos Goytacazes contava com o antigo Mercado da Praça do Roccio, na Rua Formosa, em frente da Estação de Ferro Campos-São Sebastião, que já não comportava mais espaço para um bom atendimento ao público. Nessa perspectiva em 1917, o Prefeito Dr. Luiz Caetano Guimarães Sobral viu a necessidade da construção de um Mercado Novo na Praça Azeredo Coutinho, que só ficou pronto em 15 de setembro de 1921.
A escolha do local deveu-se pela facilidade de chegar e escoar os produtos do Mercado através do Canal Campos-Macaé, no qual deslizavam várias embarcações com pesadas cargas de cereais. O mercado honrou as tradições progressistas da cidade.
“O mercado é um símbolo de importância, que demonstrava na época toda a força política e cultural de Campos no Norte do Estado, não é a toa que existia o sonho do município ser a capital do Rio de Janeiro, que até então era Niterói. Foi uma visão futurista, pois a arquitetura de ponta, com modelo francês, foi feita numa época em que não existia a demanda que encontramos hoje. Cerca de 70% da população vivia nas áreas rurais e era difícil o deslocamento para o mercado. Desta forma, o produtor plantava em sua propriedade. Hoje colhemos frutos dessa visão empreendedora”, finalizou o diretor Sidiney Pereira.
Virna alencar - Estagiária
Site: Ururau
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